O feminismo está fora de moda?

As Meninas da Rádio no Dia Internacional da Mulher
5ª feira, 8 de março, 17h00-19h00



Uma noite destas no Porto, quatro pessoas conversam, três mulheres e um homem. De rompante, uma delas pergunta: Que acham da existência do Dia da Mulher? "Compreendo, mas não gosto", responde uma. "Adoro, acho fantástico. Há tantos dias a comemorar coisas tão idiotas, por que não o Dia da Mulher?", responde a outra. "Nunca pensei nisso, confesso", assume o homem. A mulher que adora comemorar esse dia tem no pensamento as 146 operárias que em Março de 1911 morreram no incêndio que deflagrou na Triangle Shirtwaist, fábrica têxtil novaiorquina. O crime conduziu a importantes mudanças legislativas no que respeita a normas de segurança e saúde laborais e industriais, e detonou a criação do Sindicato Internacional de Mulheres Trabalhadoras Têxteis. O wikipédia regista a tragédia, versão portuguesa e versão castelhana, comummente associada à origem do Dia Internacional da Mulher.

O incêndio da Triangle Shirtwaist ocorreu seis dias depois da segunda comemoração do Dia Internacional da Mulher, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, a 19 de março de 1911. O primeiro Dia Internacional da Mulher foi celebrado dois anos antes, a 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista, em memória do protesto contra as más condições de trabalho das operárias da indústria do vestuário de Nova Iorque. No ano seguinte, a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional Socialista, aprovou a proposta da alemã Clara Zetkin de instituição de um dia internacional da Mulher, sem especificar data.

Se hoje a luta das mulheres pela igualdade de oportunidades e de direitos em relação aos homens parece ultrapassada no mundo ocidental, o facto é que existiu e não pode ser esquecida. Mas se nas leis muitas coisas mudaram, a prática mostra que o privilégio dos homens se mantém, por exemplo, em matéria laboral, e que ainda há muitas resistências de mentalidade. Ainda há quem se atreva a pensar que o lugar das mulheres é em casa, a tomar conta dos filhos, do marido e da lida doméstica. E se há quem o pense, há quem o diga, como recentemente afirmou um dos chefes da igreja católica portuguesa, instituição hábil em propaganda machista. É caso para dizer: Estamos até o coño.Tirade os vossos rosarios dos nossos ovarios.

O link anterior conduziria supostamente ao vídeo promocional da manifestação deste 8 de março realizado pelas feministas catalãs, mas foi censurado quer no vimeo quer no youtube. Com toda a pornografia que esses sites exibem, torna-se claro que sexo só é problema se o ponto de vista não for machocentrista. Para aceder ao vídeo clica aqui.
Há semanas que o feminismo é tema na agenda d’As Meninas da Rádio. O programa irá para o ar na noite de 24 de março, sábado, pela meia-noite. Entretanto, aproveitamos o Dia Internacional da Mulher para dar um cheirinho do que estamos a preparar, falar da origem desta data e lembrar mulheres que se distinguiram na luta de direitos que deviam ser apenas humanos e não de género. Música a condizer. Hoje, 8 de março, das 17h00 às 19h00. O feminismo está fora de moda?

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